top of page

Suiça, Vinhos e Vinhedos

Atualizado: 5 de out. de 2022

Conhecido como a Terra dos Três Sóis: o sol do céu, o sol refletido pelo lago e o sol irradiado pelos muros de pedra, o terroir de Lavaux é sem dúvida privilegiado por ter essa combinação.


As uvas agradecem, claro, mas não é só isso...Imagine visitar vinhedos cultivados num visual incrível, com intermináveis linhas de parreiras cobrindo as montanhas, de frente para o lago Léman e as neves eternas do Mont Blanc; Assim é o Lavaux, uma das regiões mais bonitas da Suiça.




Foi exatamente neste cenário digno de cartão postal, que eu e Gui tivemos a sorte de passear a convite da família Longet-Voruz, que há três gerações produz excelentes vinhos e atualmente possuem 20 mil pés de uvas.



Village de Epesses

Se você também é um amante dessa bebida milenar, esse é sem dúvida um programa que eu recomendo! Aproveite para se encantar com as histórias inspiradoras do lugar. E claro, saborear seus deliciosos brancos, tintos e rosés.



A região de Lavaux é patrimônio mundial da Unesco e abrange 14 pequenas vilas. Nosso passeio começou por uma delas, a bela vila de Epesse, que apesar de pequenina, possui entre 10 e 12 famílias de produtores.




Chegamos pela manhã na estação de trem de Epesses. Patrícia, nossa anfitriã, nos aguardava gentilmente. A partir dali, caminhamos por uma paisagem bucólica, atentos aos curiosos detalhes sobre o cultivo das uvas que em breve se tornariam saborosos vinhos.


Patricia nos contou que para vencer a forte inclinação do terreno e viabilizar a produção, milhares de terraços sustentados por muros de pedra, foram construídos por monges a partir do séc. XI e as plantações vão até 700m de altitude.



E ainda... alguns terrenos chegam a ser tão inclinados, que durante a colheita das uvas, os vinicultores colocam redes de contenção, e no final um helicóptero leva as redes cheias, direto para as caves.



Cave é o local de vinificação. Ali são selecionados os melhores cachos para dar início a fermentação, a maceração e envelhecimento nos barris.

Enquanto seguíamos por entre as vinhas, fui envolvida por uma forte lembrança da colheita de uvas, a vendange, que eu e Gui fizemos alguns anos atrás, num vinhedo não muito longe dali. Vivenciar essa tradição, foi uma experiência única!


Por alguns instantes meu pensamento voou...me lembrei dos lindos cachos de pinot noir que colhia, de vez em quando saboreava para avaliar a acidez da fruta. E também do vinho branco gelado que nossos patrões ofereciam perto a hora do almoço, e dos deliciosos tintos na festa de confraternização no final da colheita...



Voltei a escutar nossa anfitriã, que falava sobre os ciclos das videiras...no inverno caem todas suas folhas, que se renovam totalmente na primavera. Em junho, início do verão, chegam as flores e em seguida as uvas, pequeninas e ainda tímidas. E no outono, entre setembro e outubro acontece a vendange (colheita).


Cachos de Chasselas amadurecendo no verão


Em meio a plantação, chegamos a uma Capite, cabana pequena e rústica, usada para dar um descanso do sol, do trabalho e da vinha. Ou para receber algum convidado, como Patricia nos recebeu.

Quanto charme!



Capite da família Longet-Voruz

Da janela contemplamos inúmeras videiras e o lindo lago Lèman.








Na capite Patricia nos serviu um vinho branco gelado, o Le Blonnaises, fino e equilibrado, acompanhado de pão caseiro de queijo e alho e damascos de seu quintal. Enquanto isso, nos contava que 90% de suas plantações são uvas brancas Chasselas, e o Le blonnaises seu carro chefe.










Nossa anfitriã preparou tudo com maestria, o vinho estava na temperatura ideal e o local foi perfeito para essa pausa refrescante. Dali continuamos o passeio, certamente pisando mais leves por entre as vinhas.





Logo depois, chegamos a Cave da família Longet-Voruz, uma bela e antiga casa em Cully. Ali experimentamos o Diolinoir, um tinto encorpado com taninos macios, acompanhado de uma iguaria local, o queijo Tête de Moine.

Uma combinação harmoniosa!












Fizemos também um pequeno tour no interior da cave, enquanto saboreávamos o Pinot Noir da casa, rico e frutado, com taninos finos . Patricia nos mostrou empolgada todos os detalhes, e nos contou que para não alterar a qualidade dos vinhos, os pés de uvas são renovados a cada 25 anos.



Cave da família Longet-Voruz

Foram horas muito agradáveis de degustação e aprendizado. Foi um enorme prazer conhecer Patricia e o vinhedo Longet-Voruz.



E para fechar o dia com chave de ouro, voltamos para casa num belo barco a vapor da Belle Époque, o Montreux, datado de 1904. Perfeito para ir apreciando a belíssima paisagem que compõe toda a extensão do lago Léman.



Restaurante do barco Montreux, Belle Époque

La Fête des Vignerons

Foi uma grande sorte estar na Suiça e assistir a última edição deste festival, uma vez que ele só acontece a cada duas décadas aproximadamente.

La Fête des Vignerons celebra o trabalho e a tradição dos Viticultores, desde 1779. Reconhecida pela UNESCO como patrimônio cultural intangível da humanidade, a festa une gerações, recebe pessoas de cidades, campos e vinhedos, moradores e estrangeiros num belo espetáculo.




Altamente tecnológico e muito bem produzido, o enredo conta as histórias dos viticultores, narrado por uma garotinha e seu avô. Na apresentação participaram 500 coristas, 300 percuchoristes, 150 vozes de crianças, além de 120 músicos de fanfarra, 16 músicos de jazz, 40 percussionistas, 36 tradicionais trompas alpinas, e mais 56 músicos diversos.





As coreografias foram realizadas por 5.500 atores. Uma performance mágica, grandiosa, dinâmica e poética, apresentada a 360 °





Para encenar o espetáculo, uma arena foi montada na praça do comércio de Vevey. Os números estão a altura da grandiosidade do evento como, a capacidade para 20.000 pessoas, 2.000 projetores, quatro telões gigantes e um incrível piso de LED.



O festival que durou 25 dias deixou a cidade totalmente em festa. Suas ruas ficaram tomadas por organizadores, figurantes, atores e visitantes.


Espaços bem montados, convidavam a desfrutar variadas delícias típicas como queijos e salames, chocolates, pães e muito vinho!


Antes e depois do espetáculo principal, outras atrações aconteciam as margens do lago Léman, de músicas regionais a bandas de jazz.





Pessoas vieram de todos os lados para a festa. Esse grupo veio do Cantão de Grisons , viajando 100 km à cavalo e renovando a tradição.





Posso dizer que nosso dia foi surpreendente! Participar de um espetáculo dessa magnitude enriqueceu muito nossa viagem.



Desfrutar dessa festa maravilhosa e alto astral, saboreando deliciosas iguarias e tomando vinho a beira deste lindo lago, foi realmente um privilégio.


E para completar o dia e não perder o costume...voltamos para casa nesse lindo barco à vapor, o Vevey, da Belle Époque.


Cave de Moratel - Famille Longet-Voruz:

Descubra você também as vinhas de Lavaux na companhia da viticultora. Ela compartilhará sua paixão pela vinha e pelo vinho com você.

Existem vários passeios para escolher, levando de uma a 2 horas.

Route de Vevey 49 1096 Cully - Suiça

Contato: Patricia +41 (0) 79 259 26 49 (Inglês e Francês)


Como chegar:

De carro:

Saída da auto-estrada Belmont Lutry ou Chexbres

De trem

Estação Cully


De barco

Desembarques: Cully



Inclua no seu roteiro - Passeio de barco pelo lago Léman:

Com uma frota composta por barcos luxuosos, o grupo CGN oferece diversos passeios.

Minha indicação são os barcos da linha Belle Epoque a vapor, que navegam com elegância e velocidade. Com restaurante a bordo, oferece conforto numa viagem de puro romantismo pelo lago Léman.


Agradecimentos:


Fotografia: Guilherme de Magalhães Andrade

Contribuição fotográfica: Liamhara Wendt e Gabriel Garcia Marengo


bottom of page