Um lugar onde a história, a poesia e culinária caminham lado a lado mantendo sua tradição.
Igrejas centenárias, casarios coloniais e ruas de calçamentos de pedras, assim é a Cidade de Goiás, ou Goiás Velho, como é carinhosamente conhecida. Terra da poetisa Cora Coralina, da serra dourada e das receitas singulares.
Vive dentro de mim a mulher cozinheira. Pimenta e cebola. Quitute benfeito. Panela de barro. Taipa de lenha. Cozinha antiga toda pretinha. Bem cacheada de picumã. Pedra pontuda. Cumbuco de coco. Pisando alho-sal
Cora Coralina foi também doceira de mão cheia, e soube como ninguém descrever a riqueza da culinária goiana em detalhes de dar água na boca. Generosa, passou adiante as receitas de seus doces cristalizados, que continuam a fazer o maior sucesso em prendadas mãos conterrâneas.
Para encantar o paladar dos que visitam a cidade
Limõezinhos galegos recheados com doce de leite, doces de figo e de mamão maduro, passas de caju e compotas, são delícias fáceis de encontrar!
Goiás, antiga capital do estado, cresceu aninhada entre serras e morros com árvores retorcidas, cachoeiras e rios, e uma flora rica em espécies de uso medicinal.
E não há festa em Goiás
sem as flores de coco, um delicado doce feito com fitas da fruta moldadas em formato de rosas. E também um cafezinho à moda antiga, passado no coador de pano, com casquinha cristalizada de laranja para acompanhar.
Ame-o ou odeie-o, mas não deixe de prová-lo!
Assim é o Pequi, um fruto exótico de gosto forte que divide opiniões.
No mercadão, lanchonetes ou nos restaurantes da cidade, é possível encontrá-lo em variados pratos e quitutes. Eu amoooo!
Pastel recheado com pequi e milho, arroz com pequi ou apenas o fruto cozido com seu caldo grosso e amarelo. Esse cheiroso fruto nunca será um coadjuvante, sempre a estrela principal.
O palmito do cerrado
Ou gariroba, como é conhecido, costuma surpreender os desavisados.
Seu sabor levemente amargo deixa as saladas super refrescantes, tornando o seu almoço pra lá de especial!
Uma outra dica bem gostosa é, experimentar um pastel de gariroba temperado com bastante cheiro verde, acompanhado de uma cerveja bem gelada!
Coreto refrescante
Sabe aquela sorveteria tradicional? Em Goiás ela fica dentro do coreto da praça central, ali os sabores do cerrado estão deliciosamente congelados!
Murici, cagaita, graviola, cajá, jabuticaba, e pitanga são alguns dos diversos picolés e sorvetes que vão mexer com seus sentidos!
Aproveite e sente-se no banco da praça, observe o seu entorno, sem dúvida, será uma imersão de sabor e cultura local
Fundada durante o ciclo do ouro, Goiás velho, fica distante apenas 150 km da moderna capital, Goiânia. Seus costumes e hábitos são mantidos e preservados, resistindo à passagem dos anos. Ali a vida segue em outra rotação, saudável e tranquila!
Reforçado!
Quem aí gosta de empada levanta a mão! Mas alto lá, essa não é uma simples empada, e sim o típico empadão goiano.
Recheado com queijo, gariroba, lingüiça e frango, tudo junto e misturado dentro de uma massa que desmancha na boca, é garantia de satisfação, tanto pelo seu tamanho quanto pelo seu sabor único.
Nos casarões da velha cidade...
o fogão à lenha perfuma o ambiente com os ingredientes do Brasil Central. O arroz maria Isabel, o pirão e o peixe na telha – peça o pintado, com leite de coco- vão te deixar com água na boca e um sabor inesquecível na memória.
Das mãos muitas vezes calejadas, surgem delicadezas em forma de doces, licores perfumados e frutas do cerrado transformadas em refrescantes sucos.
Preciosidades locais
Em destaque, também estão os bolinhos de farinha arroz, que derretem na boca, os biscoitos e enroladinhos de queijo e o pastelinho com recheio de doce de leite, iguarias que facilmente causam dependência física e/ou psicológica.
Pamonha salgada sim!
Não saia de Goiás sem experimentar a tradicional pamonha salgada, recheada com queijo, ou à moda com pimenta e linguiça. Nas versões assada, cozida ou frita.
Não foi por acaso que essa dica ficou para o final, a pamonha assada é o meu prato goiano preferido, e portanto fiz questão de aprender e me aventurar a faze-lo...uma delícia dourada e gratinada, satisfazendo os sentidos mais exigentes.
E como promessa é dívida, segue a receita dessa delícia, mas tenho que confessar que compartilho uma versão adaptada por mim, porém, sem fugir da sua essência.
Receita pamonha salgada assada
6 espigas de milho verde
1 colher cheia de manteiga ( Usei Ghee e deu super certo)
4 colheres de queijo ralado
150gr de mozzarella em fatias (ou queijo Minas)
1 pimenta de cheiro picadinha
3 colheres de salsinha picada (ou cebolinha verde)
Sal a gosto
Modo de fazer
Bata o milho no liquidificador até ficar uma massa cremosa ( se precisar use um pouquinho de água ou leite se preferir). Transfira a massa para uma vasilha e reserve.
Esquente a manteiga e jogue quente sobre a massa de milho ( esse processo faz toda diferença no sabor), misture bem e acrescente 3 colheres de queijo ralado, a pimenta e a salsinha picadas e o sal a gosto.
Unte um pirex e despeje a metade da massa, cubra com mozzarella e coloque o restante da massa por cima. Polvilhe o queijo ralado que sobrou e leve ao forno pré aquecido, por 20 a 25 min.
Sirva quente. Bom apetite!
Em breve
A cidade de Goiás reserva histórias para várias linhas, e merece uma matéria exclusiva para relatar seus costumes e cultura. Então aguardem!
Fotografia: Guilherme Magalhães Andrade
Que vontade de conhecer Goiás Velho!!! Essa matéria me deu água na boca... estou esperando a próxima postagem sobre os costumes e a cultura local! Ah! Vou fazer a sua receita! beijão Lia!
Lindo seu blog.
As fotos estão incríveis .
Quero comer empadão em Goiás !!!